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Conteúdo é comunidade!

Não é de hoje que a internet fala de comunidades. Eu mesmo escrevi um texto em Julho de 2020 que você pode conferir clicando aqui sobre o assunto, com um exemplo real de um projeto do lançamento de um audiobook que liderei.


Quero então começar esse artigo com um breve parágrafo da conclusão deste meu texto de 2020:

"Não existe nada mais importante que sua audiência. Você também pode chamar audiência de leitor, consumidor, fã, etc. Parece aquele clichê de “o cliente tem sempre razão”. Ele tem! O fã de um autor, de um título ou de um universo de interesse precisa – sempre – ser o primeiro grupo em que você vai pensar na hora de lançar um conteúdo e montar um plano de marketing. O fã adora ser tratado com o carinho que merece, como retribuição à lealdade que demonstra.".


É isso, esse artigo poderia terminar aqui, como terminou o outro, mas dessa vez esse é nosso ponto de partida 🙂


Antes da chegada da internet, o fluxo de consumo de conteúdo era uma mão única: alguém produzia e alguém consumia. Ou seja, havia pouca (ou nenhuma) interferência de quem consumia o conteúdo - fosse ele em qual formato fosse - sobre quem o produzia. Até tinham aquelas reportagens do Fantástico dizendo que o Manoel Carlos ouviu "o clamor popular" e matou o personagem X da novela das nove. Muito mais como uma forma de ampliar a conversa sobre o tema e aumentar o Ibope da novela do que qualquer real interação entre criador e consumidor.


Mas aí chegou a internet, esse lugar que mudou radicalmente duas mecânicas no mundo do conteúdo: a proximidade e a criação. Para falar da primeira, todo mundo hoje se sente muito mais próximo e tem - realmente - muito mais pontos de contato com os criadores de conteúdo do que jamais teve. Você pode mandar uma DM no Instagram, comentar um capítulo lançado em uma plataforma, curtir um stories, enviar uma pergunta em um podcast ou muitas outras coisas.

Quando falamos do segundo ponto, é ainda mais óbvio: a internet tirou barreiras de criação e publicação de conteúdos que fizeram o mundo ficar inundado de histórias, quer você ache elas boas ou não. Gravar um vídeo requer só um celular e uma conta no Youtube ou em alguma rede social, publicar uma música requer só um instrumento, um microfone - que pode ser o do celular - e uma conta em uma agregadora e escrever e publicar um livro não exige mais do que acesso à internet, um editor de textos (como esse do Google Drive que uso agora pra escrever) e uma conta em uma das muitas plataformas que existem de auto-publicação. Se preferir você pode fazer isso no seu próprio blog gratuito ou em pílulas em alguma rede social.

Mas o fato é que existe um terceiro elemento, que vem transformando não só o consumo do conteúdo, mas a sua criação e a influência que quem consome tem sobre quem cria: comunidade.

Essa palavra não é desconhecida de ninguém, mas talvez o uso que vou dar a ela aqui não seja tão familiar a todos. Quando falamos de comunidade aqui, estamos falando de um grupo de usuários que se utiliza de alguma ferramenta para criar, consumir e conversar sobre determinado conteúdo.


Vou começar por um exemplo da podosfera. Imagina que você tem seu podcast, com episódios semanais e encontrou seu público, aquela galera que é fiel e ouve seus episódios todas as terças-feiras. Aí você começa a receber mensagens de que essa galera queria poder falar mais com você, conversar mais sobre o assunto da semana, saber mais do entrevistado. Eis que você cria um clube fechado, cobrando R$ 10,00 por mês para dar acesso exclusivo a três coisas para seus fãs: um grupo fechado para conversar sobre os assuntos dos episódios, o episódio sem cortes (mais conteúdo, mais assunto) e ainda, para gerar um ar de exclusividade o episódio da próxima semana antes da publicação para todo mundo. Você faz isso, e de repente tem 1.000 assinantes pagando R$ 10,00 por mês (1.000 ouvintes fiéis para um podcast estabelecido não é nada) e pronto! Você criou uma comunidade ao redor do seu universo (que claro, precisa ser nutrida e cuidada) que te gera R$ 10.000,00 por mês em receita adicional, além do que você ganha com advertising no seu podcast, entre outras receitas possíveis. Conheço pelo menos uma dezena de podcasters que tem essa mecânica que descrevi aí em cima.


Agora vamos para o mundo do livro: você é uma autora de romance hot, começa a publicar seus livros em uma plataforma de auto-publicação, cria uma base de fãs que são leitores dos seus livros, começa a gerar uma receita. Esses fãs pedem mais conteúdo e você abre também uma comunidade fechada, dessa vez não cobra, mas a galera compra os livros, fala sobre eles e você cria uma relação onde todo livro novo, além de você consultá-los para escolhe do nome de personagens, votação de capas e outras coisas, você sabe que eles vão comprar seu novo título assim que lançá-lo. Isso chama a atenção de uma editora grande, que procura não só bons conteúdos, mas comunidades prontas a comprar o que ela editar (e investir). Vocês lançam esse título, ele é comprado e replicado por esses fãs e com isso você vira assunto na internet. Aí uma plataforma de streaming te enxerga e compra os direitos para fazer um filme do livro. Boom! Mais um estouro. Nesse caso também conheço quem tenha seguido essa fórmula e tido sucesso, algumas pessoas inclusive 🙂


Quer um terceiro caso? Esse eu vou dar nome: Reese Witherspoon. Talvez você conheça ela de Legalmente Loira, Big Little Lies, ou como eu, é um fã apaixonado por The Morning Show (que ela atua e produz). Pois bem, Reese entendeu faz tempo o poder da comunidade em conteúdo e criou um clube do livro, que tem hoje mais de 2.5 milhões de inscritos. Sabe o que ela faz? Sugere o título, sente a aderência nesse clube e, quando um título é muito lido, comentado e desejado, ela vai lá e compra os direitos para produzir o filme ou a série. Claro, não é tão simples assim, tem muito estudo, números, advogados e dinheiro envolvidos, mas tudo tem em sua essência a comunidade!

Outro exemplo rápido: plataformas de publicação de conteúdos em comunidade e interativos. O exemplo mais conhecido: Wattpad. Ali está o poder da comunidade, que não só consome capítulo a capítulo o que é criado, como também opina, conversa com os autores, e com isso cria uma conversa que gera engajamento ao redor do conteúdo


E para fazer um jabá rápido, aqui no Skeelo lançamos mês passado recursos de gamificação no app. Ou seja, quanto mais você lê, mais nozes (a moeda do nosso esquilo) você ganha e com isso troca por outros livros sem pagar nada. Tudo isso baseado na comunidade de leitores que todos os dias formamos e fomentamos. Resultado? No primeiro mês já aumentamos a retenção de leitores no app em 12% e já tivemos mais de 13 mil livros resgatados. Outro exemplo, nossa maratona de Halloween, chamada de Skeeloween, que reuniu três creators do mundo do livro para leituras coletivas no app. Tudo isso você pode conferir acessando nossas redes sociais e nosso app 🙂

Quis aqui trazer alguns exemplos pra dizer que hoje em dia, conteúdo não é mais (só) sobre o que você cria e publica, em qual formato for. É sobre além disso você criar uma comunidade que esteja engajada com seu conteúdo, que crie uma conversa sobre o tema, para que o conteúdo não só nasça, mas cresça e se fortaleça, gere atração e com isso chegue a muito mais gente.


É sempre bom lembrar que nosso mercado não é o mercado do conteúdo pura e simplesmente, é o mercado da atenção. É sobre alguém que em um momento de disponibilidade vai escolher consumir um determinado conteúdo ou qualquer um dos outros milhões disponíveis por aí. Se você tem uma comunidade para te puxar de volta, que te faça se sentir pertencente (algo tão humano e universal) e onde você encontra mais gente que gosta do mesmo que você, pode ter certeza: sua atenção vai estar a maior parte do tempo lá!


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